quinta-feira, 6 de junho de 2013

Algo urge em mim

Olá amigos!

Nessa postagem, pela ordem, o segundo retrato dessa nova fase. 

Talvez o meu artista favorito. Uma das maiores referências da arte moderna, famoso pela diversidade artistisca, criador do cubismo, teve mil e tantas mulheres e foi um criador compulsivo. Viveu e morreu criando e deixou um dos maiores legados artísticos já registrados. Morreu velhinho, quando a visão já não lhe permitia mais produzir. Despertou paixões e até um suicídio. Deixou filhos e suas telas estão ranqueadas entre as mais valiosas do mundo. Entre sketches, telas, esculturas e até mesmo poemas, em qualquer canto do mundo é possível encontrar suas obras expostas. Uma vida que vale uma pesquisa! Mr. Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de Los Remedios Cipriano de la Santíssima Trindad Ruiz y Picasso, ou simplesmente, Pablo Picasso (25/10/1881 à 8/4/1973).

Referência
Primeiro esboço - lápis 3B - papel gramatura 150.
Estudos comparativos para aperfeiçoamento
Primeiro comparativo. Ainda não finalizado








Resultado Final - Papel Off set - 128 g -
lápis 3B, 6B Faber Castel, 6B integral Koh i Noor
Pra fechar essa postagem, vai um textinho. Há tempos recebo alguns estímulos pra essa coisa de escrever, resolvi aproveitar o embalo do blog e arriscar umas linhas. Vamos ver se a coisa flui... 

Algo urge em mim


Vivo um dia após o outro aguardando com paciência e resignação a tal colheita que, dizem por aí, vem após a semeadura...Tudo segue bem .. 

Só que de vez em quando um sei lá o que me toma de assalto e lá vou eu praquele estado de espírito familiar; é um embolado de pensamentos vindos sei lá de onde, uma inquietação que me franze o cenho, um sem fim de suspiros, um amontoado de coisas dessas de sentir que não consigo dizer de jeito nenhum que jeito tem, que cara tem, se é bom ou ruim, sé é feio ou bonito, se é meu lado gente ou meu lado bicho, se é da razão ou da paixão... só sei que essa coisa entra e fica ali me espreitando, parece até que se sacode, que me espia com jeito de travessura, me cutuca e se ri toda do meu desassossego... E fico feito tola dando corda só pra ver se acho pista... mas nada se veste com roupa de resposta e eu me ascendo feito quem dança um samba, revirando tudo em mim pra ver se em algum canto acho pista que ajude o silêncio falar mais alto que os batuques da coisa.. Vivo então como diante de um trilho de trem: paro, olho e escuto, quem sabe o bonde anuncia o que trouxe, ou quem sabe me leva pro lugar das não respostas sossegadas...

Pra tudo o que olho desconfio que esteja ali o que a coisa me impende buscar... Às vezes quem se mostra são cores, as vezes traços,  as vezes letras, um poema, as vezes o silêncio, um cheiro, um gosto ou um gesto... Tudo me regala, em tudo vejo meias respostas, mas se juntar tudo dá num mosaico quem nem fala e nem cala.

E na canseira de parar, começo a querer achar que a resposta nem há e que a coisa é da gente, feito fome, feito sono, feito medo, feito alegria...

E no balé do ‘sei lá o que é isso’, como num filme repetido, uma iniciada  conhecida senta e me diz irresoluta:

“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo. (C. Lispector)”

E nessa hora fico grande de novo e a coisa me olha de baixo e sinto algo se aquietando, porém não sem birra e a coisa desacorda num berço de sabedoria comprada... mas o sono é leve. E no entender que não entendo, além da morte, acho outra dessas velhas certezas da vida: a alma inquieta só descansa em distração, voltar a si é mergulhar nas próprias urgências, mesmo que sequer as conheça.

E feito sirene sem barulho, a coisa ressona em pronúncia, num tom de canção de ninar, um verso do poeta triste:

Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
Fernando Pessoa.
     
E assim meu sossego volta varrendo o salão e se instala, pleno, mas fugaz, pra mais um curto ciclo de paz e resignação...   
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Aos amigos, obrigada pela audiência. Nenhuma expressão de arte chega a lugar algum senão pelos olhos alheios.

Vou tentar respeitar o cronograma de uma postagem por semana, ao menos enquanto durarem as urgências.. rs

Beijos!


6 comentários:

  1. Uma clara traducao de sentimentos compartilhados... Majestosa, Ami!! Tua inquietude é o que te torna interessante, assim, sem crises de sossego, por favor! Viva, dance e nos convide a este samba do nao sei o que, como se fosse um programa cultural semanal... Aqueles que sempre buscamos e nunca encontramos, sabe?! Te espero na proxima semana! Bjs de sinto sua falta!

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  2. das palavras todas que ela bem sabe colocar, essas foram ainda mais lindas e verdadeiras do que de costume.
    inquietações que nos aquietam, de tanto chacoalharem os dias nos trazem calma, e no coração fica aquele sorriso de boa prece, de poesia viva, de amor partilhado em cada frase.
    Linda linda linda!
    adorei a inspiração, continue nos deliciando com seus versos doces e sinceros ♥

    Queijos da sua leal companheira
    Ana Kitana -*-

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  3. Amigaaa!
    Você sempre diz que não dou atenção ao seu blog, na verdade, sempre estou de olho sim, só sou preguiçosa para comentar... hehehe
    Na verdade, vc é uma das mais inspiradoras e corajoas pessoas que conheço... Uma alma gigante e um coração flamejante de amor e cultura!
    Parabéns por tantas belezas!
    Amo-te Amorinha!
    Júlia Alves

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    1. Amiga, vc é suspeita nas tuas avaliações, pq há muito amor entre nós, e isso deixa tudo mais bonito.. Obrigada pelo carinho de sempre!

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